O “casamento sagrado” realmente existiu em Ur?
Quem acompanha a novela Gênesis desde o início da criação já percebeu que depois do pecado no jardim do Éden, o homem e a mulher nunca mais foram os mesmos. E pior, com o tempo, além de se afastarem do Criador, tiveram a audácia de criar deuses para substituí-Lo, dando início a religiões, rituais, cultos e seitas.
Esta é a fase de Ur dos Caldeus: uma época em que a humanidade substituiu sua crença no Deus Criador por deuses disso e daquilo. E como se essa insanidade não bastasse, inventou histórias mirabolantes para que pelo medo, todos se sujeitassem.
Interessante que os deuses tinham as mesmas características dos homens. Difícil entender como foram aceitos tão facilmente como melhores e maiores, ainda que meras criações humanas. Podemos dizer que as fake news também começaram por aquela época...
Na Mesopotâmia, os “deuses” supostamente regiam toda humanidade como meros fantoches. Estavam por trás de guerras ou festas, abundância ou fome, tudo dependendo do humor da divindade naquele dia. É por isso que vemos tantos rituais em Ur: dança das sacerdotisas para virilidade dos deuses, ofertas diárias para prosperidade, estatuetas para proteção, e por aí vai. Às vezes, a impressão que dá é que alguém tirou o dia para inventar golpes e com a ajuda de alguns influencers, oficializou a todos em nome cultura do lugar, e voilá — todo mundo aceitou sem questionar.
O “casamento sagrado” realmente existiu em Ur?
Sim. A trama da novela optou pela versão clássica que interpreta a cerimônia como um ritual de união sexual em contexto religioso que fazia parte da celebração do Ano Novo, data mais importante do calendário mesopotâmico. Em uma dessas tradições, a mulher (sacerdotisa) representava a deusa Inanna e o rei o deus Dumuzi.
A crença era de que essa união deles promoveria a fertilidade e a prosperidade em Ur, além da proteção contra catástrofes e guerras. Era a festividade mais importante da cidade e não se restringia apenas a um jogo de interesses entre os poderes políticos e religiosos, como forma de legitimar o poder do rei e manter a influência do templo sob os costumes do povo, mas também envolvia grupos de devotos das mais diversas camadas sociais e as classes populares.
Assim, esse ritual era muito esperado por setores dispares da sociedade e influenciava no imaginário social ditando regras comportamentais, uma vez que havia uma devoção popular à deusa Inanna.
Mesmo os autores que defendem o rito como meramente simbólico, entendem que esse tipo de cerimônia teria sobrevivido até o primeiro milênio, onde se encontram pistas da celebração em textos que descrevem rituais reais tanto na Assíria quanto na Babilônia.
A novela Gênesis é exibida de segunda a sexta-feira, a partir das 21h.