Repórter Record Investigação percorre a rota de exploração sexual infantil da BR-116

Quarta, 27 de Janeiro de 2021

A equipe do Repórter Record Investigação percorreu quase mil quilômetros pela BR-116 para mostrar a rota de exploração sexual infantil no programa que vai ao ar nesta quinta-feira (28).

Pela legislação brasileira, é crime toda forma de exploração sexual em que se usa criança ou adolescente em troca de qualquer tipo de pagamento. Com pena de quatro a dez anos de reclusão.

Mas, esse crime ocorre em 3.651 pontos às margens das estradas do país. São bares, boates e postos de combustíveis onde adultos pagam para fazer sexo com menores.

Para dar voz às vítimas, mostrar a realidade em que vivem e investigar os pontos mais críticos mapeados pela Polícia Rodoviária Federal, os jornalistas Marcus Reis, Flávia Prado e Leopoldo Moraes viajaram quase mil quilômetros pela rodovia BR 116 - considerada por autoridades e especialistas a estrada da exploração sexual infantil - ,cortando quatro estados brasileiros. A edição do documentário é de Larissa Werren.

Na região Norte da capital Fortaleza, meninas oferecem o corpo em plena luz do dia. Nossa equipe registrou várias adolescentes abordando motoristas nas ruas.

Uma delas conta que os homens não perguntam a idade, e muitos têm preferência por mais jovens. "Tem muitos que gostam de meninas novinhas", conta.

"Existe ainda uma compreensão da sociedade de que se você fizer programa com uma menina, você está ajudando ela porque você está pagando. Como é que a gente muda isso? A gente tem que entender que exploração sexual em qualquer situação - e a pobreza não justifica isso - é violação de direitos humanos, e no Brasil é crime", esclarece Eva Dengler, gerente da ONG especializada Childhood.

A menina relata também que já enfrentou situações de perigo nas esquinas de Fortaleza. "Chega cara dentro do quarto da gente com arma, para forçar a gente fazer coisa".

Ao sul do Ceará, próximo à região do Cariri, encontramos uma jovem que luta para superar o trauma que viveu ainda na infância. Abordada por uma desconhecida, que a ofereceu emprego, a menina foi vítima de tráfico humano.

"Eu queria comprar um calçado, uma sandália que não tinha, queria andar arrumada, por isso aceitei a proposta. Só descobri que era pra me prostituir quando ela começou a me vender para motoristas", relembra.

A rota da exploração sexual infantil conduz a equipe do Repórter Record Investigação Bahia adentro. É o estado com mais pontos vulneráveis mapeados pela PRF.

Aos 16 anos, por influência das cunhadas, uma outra vítima subiu pela primeira vez a boleia de uma caminhão para se prostituir. Muitas vezes para receber pagamento em cocaína. "Tinha hora que era em troca de pó, os caminhoneiros me pagavam com droga".

Da Bahia para o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Num posto de combustíveis em ruínas, uma adolescente guarda memórias de tudo que viveu nos anos de exploração. Ela era oferecida a motoristas pela própria mãe em troca de comida e lata de óleo.

"Faltava alimento, eu tinha que me prostituir. Era por cesta básica, por uma lata de óleo. Minha mãe falava: você é puta. Você tem que trazer pra dentro de casa o que eu não trazia", revela.

"Muitas vezes é consentido pela família, que não tem ideia do mal que está fazendo aos filhos, porque eles não têm condições econômicas, então submetem a filha a fazer prostituição", diz a juíza Maria Ilna Lima de Castro.

Você vai ver também omissão e descaso de quem deveria combater esse crime. E estudiosos no assunto explicam o que está por trás dessa tragédia social.

E mais: no portal R7, os jornalistas do Repórter Record Investigação produziram uma página com infográficos e trechos inéditos das entrevistas com as meninas exploradas sexualmente.

Acompanhe o Repórter Record Investigação noites de quinta-feira, a partir das 22h30, na Record TV.

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