Como ficam as relações de afeto durante a pandemia?

Domingo, 10 de Maio de 2020

O isolamento causado pela pandemia do novo coronavírus mudou as relações entre as famílias: pais e filhos trancados dentro de casa e todos longe dos avós. O home office, as aulas online e o afastamento das principais atividades do dia a dia aumentaram o estresse nos lares. Apesar dessa situação, é possível deixar boas lembranças como legado deste período de quarentena?

“É um momento conturbado e as dificuldades em casa ficam latentes, mas cabe ao núcleo familiar escolher se o resultado será positivo ou negativo”, avalia Marta Maria Pasquali Mancini, coordenadora do curso de pedagogia da Unisal.

Para a professora, a ansiedade está latente. “Ninguém se preparou para viver uma quarentena, por isso é importante manter as boas relações em casa e com os familiares,” diz.

“Tudo mudou, eu sou muito apegada aos meus netos e sinto muito a falta deles”, desabafa Maria Cícera Ferreira, 65 anos, avó de três crianças. “Só quero voltar a minha vida normal, me sinto muito sozinha em casa.”

Dona Cícera sente falta do carinho dos netos, de preparar bolos para eles “com todo o carinho” e dos almoços de domingo quando reunia a família ao redor da mesa. “Eu falo com todos pelo celular, quando a saudade bate, faço vídeo chamadas, mas não é a mesma coisa, não posso tocar, abraçar, estar junto.”

“Não durmo direito a noite pensando quando tudo isso vai passar, o vazio é enorme.”

A psicóloga Simone Soares, professora na Universidade Anhanguera, concorda que a tecnologia não substitui as relações presenciais, mas aposta que é um meio para reforçar os vínculos. “Neste momento a tecnologia é o que temos em mãos, vamos usar da melhor forma para diminuir as distâncias e demonstrar afeto.”

 

Além da vídeo chamada, ela sugere, por exemplo, que aqueles que estão distantes usem os dispositivos para “contar o que fizeram no dia, as crianças pequenas podem mandar beijos e também podem cantar a música preferida junto com os avós ou com os pais que estão distantes” sugere.

“Contar histórias a noite via celular, antes da criança ir para a cama ou marcar um almoço em família e deixar o vídeo ligado são algumas ideias, mas o mais importante é que todos participem da vida uns dos outros”, afirma a psicóloga.

 

Home Office

Flávia Bellini é mãe do Lucca, de anos 10 anos, e conta que a experiência do home office no início foi um desafio. Dona de uma franquia de chocolates, teve de se adaptar para não perder o principal período de vendas: a Páscoa.

“Por conta da pandemia, tudo parou semanas antes do feriado, tive todo o apoio da franquia, vendemos por e-commerce, mas minha atenção foi toda para o trabalho”, conta.

Nesse mesmo período, as atividades escolares passaram a ser online e o serviço de casa se acumulou. O estresse foi tanto que um dia Lucca disse para Flávia: “Mamãe, você precisa pedir demissão.”

Após a Páscoa, as atividades domésticas foram compartilhadas com o marido. “Percebi que o melhor a fazer é me adaptar e ver que essa é uma fase de adaptação, de descobrir novas habilidades”, diz. “Percebi que as coisas ficam mais leves quando levamos tudo com harmonia e serenidade.”

As especialistas ouvidas pelo R7 são unânimes em dizer que os pais precisam estabelecer uma rotina de estudos e impor limites aos filhos. “Nós não estamos preparados para convivermos com as mesmas pessoas por 24 horas, é preciso tirar um tempo sozinho e fazer algo que goste seja ginástica, música para relaxar ou meditar”, pondera a psicóloga Simone Soares.

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