Câmera Record volta a exibir programa que venceu prêmio internacional nesta semana
O Câmera Record deste domingo, dia 25/08, às 23h15, apresenta o especial "Piaçaba: Exploração no Coração da Amazônia" que venceu esta semana o prestigiado Prêmio da Sociedade Interamericana de Imprensa, na categoria Direitos Humanos. Exibido pela primeira vez no final de 2017, este foi o milésimo documentário produzido pelo Núcleo de Reportagens Especiais e concorreu com 1.200 trabalhos de todo continente americano.
A escolha foi justificada pela organização “por denunciar, mediante um documentário vibrante e comovente, o horror do trabalho escravo na selva amazônica brasileira
Os repórteres foram os primeiros a entrar nos piaçabais mais isolados da floresta, onde encontraram famílias inteiras trabalhando em condições análogas à escravidão.
Num momento em que desmatamento, queimada e Amazônia viraram o assunto mais comentado no Brasil e no mundo, o Câmera Record revela mais um triste retrato do que acontece na mais importante floresta tropical do planeta.
A equipe que realizou a reportagem é formada por Sheila Fernandes, Romeu Piccoli, Rodrigo Bettio, Márcio Strumiello, Gustavo Costa, Leandro Pasqualin, Gabriela Viseu, Márcio Sato, Sérgio Minehira, Rafael Ramos, Renan Laranjeira, Fábio Martins, Natália Fiorentino e Rafael Gomide.
Sobre o documentário
Para produzir o programa, os repórteres passaram um mês na Amazônia e enfrentaram 120 horas de barco pelo Rio Negro e afluentes para desvendar um esquema de trabalho escravo no meio da floresta.
Eles localizaram uma população indígena descendente da etnia Baré, que chega a viver até seis meses dentro da selva na produção extrativista da piaçaba, fibra da palmeira usada na fabricação de vassouras. Ali, eles trabalham sob condições extenuantes e com baixíssima remuneração, uma situação que o Ministério Público do Trabalho considerou como trabalho análogo à escravidão.
Os índios passam o dia inteiro dentro da floresta e carregam toras de até 90 kg por dia. Para cada quilo é pago apenas R$ 2,20. Muitos piaçabeiros, como são conhecidos, chegam a adquirir dívida com os “patrõezinhos”, gerentes da produção, porque o custo para chegar até o local e a alimentação é muito alto.
O programa revelou que famílias inteiras vivem sem acesso à escola e saúde. “Eu preferiria estar em outro lugar, em Manaus, estudando, fazendo faculdade”, desabafou a jovem Raiane de Souza Leal. A alimentação também é precária, no geral, farinha, café, açaí e, quando há carne, esta vem da caça do dia.
Os trabalhadores ainda são expostos à doenças como chagas e malária. Sem tratamento, muitos morrem, como foi o caso do pai de Edileuza de Souza Leal. “Vendi as coisas que eu tinha pra tirar dinheiro, geladeira, televisão, acabei com tudo pra ver se eu deixava um dinheiro pra ele. Mas não teve jeito, a doença dele não tinha jeito”.
Outro problema sério é o alcoolismo. Os piaçabeiros batizaram de “choque-choque” uma bebida à base de gasolina cujo consumo constante levou à morte vários trabalhadores.
O Câmera Record vai ao ar domingo, 25/08, logo depois do Domingo Espetacular, às 23h15.