Pan já teve Che fotógrafo, casais apaixonados e até tocha roubada

Domingo, 21 de Julho de 2019

Em seus quase 70 anos de existência, os Jogos Pan-Americanos já passaram por 14 países da América. Além dos campeões revelados, momentos emocionantes e histórias de superação, o Pan reúne desde sua primeira edição milhares de atletas amadores, profissionais, adolescentes e veteranos, algumas vezes no que eram momentos complexos, politicamente e socialmente, para os países-sedes. O resultado é uma coleção de histórias bonitas, trágicas e curiosas. 

Um destes casos que mostra o amadorismo das primeiras edições do Pan, teve um atleta brasileiro como protagonista. Logo após a primeira edição da competição, em 1951, o nadador Tetsuo Okamoto voltou à sua cidade natal como campeão pan-americano, recebido com festa e homenagens. Tetsuo se viu obrigado a recusar um carro de presente pelo seu desempenho. O motivo? Ele seria considerado atleta profissional caso aceitasse o veículo, o que o impossibilitaria de participar dos Jogos Pan-Americanos e das Olimpíadas.

Na edição seguinte (México 1955), Che Guevara trabalhou como fotógrafo das competições do Pan. Cinco anos depois, o jornalista seria um dos líderes da revolução cubana, movimento político que ainda seria pano de fundo de muitos conflitos e episódios na competição durante as décadas seguintes.

Os EUA, país líder absoluto dos pódios de México 1955, contaria com patrocínio especial para seus atletas naquele ano. A Paramount doou a receita de um dia de bilheterias do filme “Amar é Sofrer”, que venceria dois Oscars mais tarde, para custear o transporte da delegação estadunidense.

Em Chicago 1959, a tocha do Pan foi roubada dias antes da abertura do evento. Os dias de competição também marcariam uma tragédia para a delegação brasileira: o remador Ronaldo Duncan Arantes seria encontrado morto ao lado de uma pistola, próximo ao hotel onde estava hospedado. Não se sabe de que forma Ronaldo morreu (se suicidou ou se foi assassinado).

Em meio à Guerra Fria e o fortalecimento do regime socialista em Cuba, uma das maiores potências olímpicas na metade final do século XX, as deserções de atletas se tornaram episódios comuns no Pan. Foram registradas em quatro edições do evento: Cali 1971, Indianópolis 1987, Winnipeg 99 e Rio 2007. No Pan disputado no Brasil, o governo de Cuba, com medo de uma deserção em massa, ordenou que os atletas voltassem imediatamente. Os jogadores de vôlei deixaram de ir à cerimônia de entrega de medalhas naquele ano.

As tensões geopolíticas daquelas décadas marcariam outros episódios curiosos nos anos seguintes. Durante o Pan de 1991, em Cuba, o governo americano preferiu hospedar sua delegação em seus territórios, na cidade de Tampa (Flórida). Para participar do evento, os estadunidenses tinham que pegar cerca de 40 minutos de avião para completar o trajeto entre os dois países.

Na cerimônia de abertura na edição de Rio 2007, Lula foi vaiado várias vezes quando teve seu nome citado nos discursos anteriores ao seu, que inauguraria os Jogos Pan-Americanos. Carlos Arthur Nuzman, na época presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), acabou discursando, o que marcou a primeira vez na história do Pan que uma pessoa não ligada ao governo do país-sede abriu o evento.

 

Fonte: Livro Louco por ti América (Guilherme Costa).

 

Os Jogos Pan-Americanos 2019 em Lima, no Peru, terão transmissão exclusiva da Record TV. Fique ligado!

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