Câmera Record revela a violência na disputa pelo poder entre os políticos brasileiros

Sábado, 22 de Julho de 2017

A pior crise política da história do País não sai das manchetes. Autoridades e empresários envolvidos em corrupção e lavagem de dinheiro são notícia todos os dias. O que pouca gente sabe é que existe um lado ainda mais sombrio da crise política: os assassinatos. Durante dois meses, os repórteres do Câmera Record viajaram pelo país para investigar a violência na disputa pelo poder entre os políticos brasileiros.

Na Baixada Fluminense, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, 16 candidatos e pré-candidatos foram executados no ano passado, meses antes das eleições para prefeito e vereador. A maioria foi assassinada por milicianos ou traficantes, que tinham posições contrárias às ideias das vítimas, segundo o GAECO, Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado.

 

O casal Andreia Ornellas, 24 anos, e Denivaldo da Silva, de 41, levou 17 tiros de homens que trajavam uniformes iguais ao da Polícia Civil. O filho, que sobreviveu ao ataque, conta como reagiu ao ver os pais mortos no carro: "Eu não sabia o que estava acontecendo. Eu vi que meu pai estava ferido e a minha mãe também. Foi um momento difícil".

 

Um outro caso, que chamou a atenção da polícia carioca pela violência, aconteceu no dia 2 de julho de 2016. Sérgio da Conceição, o Berém, era sócio de Denivaldo e também queria se candidatar a vereador. Berém foi metralhado na porta da casa dele. "Os homicidas vieram com luvas cirúrgicas, encapuzados o corpo inteiro de forma a dificultar ao máximo a identificação", diz o promotor Fábio Corrêa.

 

Desvio de dinheiro, fraude em licitação e assassinato. Segundo o Ministério Público de Alagoas, a então prefeita da cidade de Anadía, Sânia Tereza, no interior do Estado, teria encomendado a morte do vereador Luiz Ferreira após ele ter descoberto esquemas de corrupção na prefeitura.

O vereador seria decisivo na cassação da prefeita. "A ganância pelo poder foi tão grande que ela chegou ao extremo de mandar tirar a vida de Luiz", garante o promotor Paulo Barbosa. "Não tem limite a crueldade humana!", acrescenta a mulher de Luiz.

A equipe do Câmera Record entrevistou com exclusividade, na cadeia, um dos mandantes do crime. Alessander Leal, ex-marido da então prefeita, se diz vítima de adversários políticos. "A disputa dessas cidades do interior, a prefeitura, são dois lados, é como dois times de futebol, duas torcidas organizadas. Eles fazem qualquer coisa", revela.

 

Um complô para matar um político influente assustou uma pequena cidade do Rio Grande do Sul, que há quatro anos não havia registrado nenhum homicídio. Segundo a polícia, o vice-prefeito, Leandro Tanaka, e o então vereador, Volnei Vicente Deves, o Nêja, seriam os responsáveis por mandar matar Roque Unser. Ele foi morto numa emboscada quando voltava de uma visita a eleitores, na zona rural de São Martinho.

"Ele era um articulador político, ele tinha muitos amigos, né? E São Martinho é um lugar onde já se perdeu e se ganhou eleição por causa de um voto", conta a viúva. "Eles fizeram, armaram todo um cenário realmente com a intenção de matar", diz a filha sobre os mandantes.

 

Tanaka e Nêja, acusados de serem os mandantes do crime, se defendem e aceitam gravar uma entrevista exclusiva aos nossos repórteres.

 

O Câmera Record, apresentado por Marcos Hummel, vai ao ar domingo, 23/07, às 23h15, logo após o Domingo Espetacular.

 

Foto: Divulgação/RecordTV.

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