Documentário especial mostra como funcionava o sanatório onde 60 mil brasileiros teriam sido mortos

Domingo, 11 de Agosto de 2024

Um lugar construído para tratar doenças psiquiátricas. Mas que teve seu propósito totalmente desfigurado por quase um século. Entre 1903 e 1994, o Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais, misturava pacientes com transtornos mentais comprovados com pessoas que não tinham qualquer distúrbio, consideradas loucas por preconceito ou conveniência. Estima-se que 60 mil brasileiros tenham sido mortos dentro dos muros do sanatório. Os que sobreviveram sofreram com a violência e os tratamentos agressivos com eletrochoques. O documentário inédito "Hospital Colônia: Insanidade, Tortura e Morte", que a RECORD exibe na segunda-feira (12), às 22h45, denuncia as atrocidades que aconteceram na instituição, que foi comparada aos campos de concentração nazistas.

A equipe do documentário foi até Barbacena e teve acesso exclusivo aos livros de registros do Hospital Colônia. Os documentos mostram que não havia explicação médica para muitas internações. "Era o lugar das pessoas que a sociedade queria limpar. Muitas não tinham, de fato, um transtorno mental," relata a coordenadora das Residências Terapêuticas, Thais Barbosa. 

Entre as principais vítimas, estavam mulheres submetidas a estupros e violência sexual. As gestações eram consideradas um problema no Hospital Colônia. A solução encontrada pela direção do sanatório seguia a mesma crueldade de qualquer tratamento realizado lá dentro: as crianças eram doadas para estranhos. 

O historiador Edson Brandão explica como era o processo: "As adoções eram feitas ali de forma quase que clandestina. Eventualmente, um funcionário ou um casal de funcionários, vendo o drama de uma paciente grávida e logo depois tendo uma criança, já, automaticamente, se candidatavam a levar essa criança".  

Mas, com o passar dos anos, foi possível recolocar no caminho de alguns pacientes o último resquício de amor que existia na vida deles. Com a ajuda dos pais adotivos, a biomédica Raíssa Oliveira investigou por conta própria quem era sua mãe biológica, Rosalina Cassimiro, ex-paciente do Colônia. E não desistiu até encontrá-la. "Foram tantos eletrochoques que ela levou, que perdeu a consciência de tudo. Ficou lá anos e anos, naquele ambiente terrível. Injustamente, desde criança. É triste para todo mundo, não só pela Rosalina, que é minha mãe. Mas para todas as mulheres que tiveram seus filhos tirados delas. Não puderam crescer com os filhos, ter um aniversário com os filhos", lamenta Raíssa.

A equipe do documentário também confronta os responsáveis pela administração pública nos anos mais difíceis do Hospital Colônia. E denuncia o "chá da meia-noite": relatos sobre a prática de eutanásia de pacientes no sanatório.

 

O documentário "Hospital Colônia: Insanidade, Tortura e Morte" vai ao ar na RECORD nesta segunda (12), às 22h45. 

 

Crédito da imagem: divulgação/Record

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